terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A influência da Egiptomania no Brasil

O amor pela cultura egípcia se tornou tanto que atravessou o oceano e chegou ao Brasil Império onde Dom Pedro I compra algumas peças da cultura egípcia do Italiano Nicolau Fiengo. Nicolau veio para o Brasil com um lote de antiguidades Egípcias e Greco-Romanas, passa pelo Rio de Janeiro e segue para a Argentina. Parado por um bloqueio em Montevidéu, retorna para o Rio de Janeiro onde o Conselheiro José Bonifácio fica e sabendo e recomenda ao Jovem Dom Pedro I que adquirisse os artigos. A compra foi efetuada no dia 10 de abril de 1827. No trecho abaixo Dom Pedro I se refere à aquisição das peças:

“Attendendo ao que me representou Nicolau Fiengo, que propoz a venda das antiguidades egípcias, já depositadas no Museu Nacional desta corte: Hei por bem que pelo Thezouro Publico se pague ao dito Nicolau Fiengo a quantia de cinco contos de reis, em que elle avaliou as referidas antiguidades; verificando-se o pagamento desta compra a prasos de seis, onze e desouto mezes.” (SOUZA: 1999, p.7)

                Depois que os objetos do Egito Antigo foram comprados permaneceram  depositados no Museu Nacional. A Paixão pelo Egito Antigo continuou no reinado de Dom Pedro II, ele visitou o Egito duas vezes anotando tudo que viu e os monumentos que visitou, criando seu diário escreveu que: “se os brasileiros não podiam ir ao Egito” este tinha que vir até eles (BAKOS: 2005, 65).
            As primeiras pesquisas sobre o tema no nosso país, só começaram em 1995 e foram feitas pela professora doutora Margaret Marchiori Bakos, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Nelas a pesquisadora visitou vários locais do nosso país e constatou traços do Egito Antigo em casas, objetos e monumentos.
            No seu livro intitulado “O Egito Antigo: na fronteira entre a ciência e a imaginação”, do ano de 2003, ela afirma que o gosto pela Egiptomania chegou ao Brasil vindo da África e que não tem o papel de transmitir o seu sentido original, mas de ser utilizado em expressões artísticas ou na venda de algum produto:

       “De fato, o gosto pela reutilização de elementos da cultura egípcia antiga, no Brasil, chegou até nós vindo da África às Américas, ao sabor das etnias, de credos e de valores mundanos muito diferenciados. Tais práticas se constituem, além de exemplares únicos, em fragmentos preciosos de um fenômeno de transculturação de longa duração, que vem atravessando espaços oceânicos e continentais em um movimento contínuo e intermitente: a apropriação, por outras culturas, de elementos do antigo Egito. Elas demonstram que a civilização ocidental foi construída tomando algumas peças de empréstimo ao oriente, ainda que o mosaico resultante fosse sempre diferente, essencialmente ele era o mesmo”.
“(...) É que essa última (a Egiptomania) não condiciona a apropriação de elementos do Antigo Egito, ao conhecimento específico e erudito de seu significado original, à época de sua criação, mas à sensibilidade daqueles que a utilizam, seja para expressão artística, seja para a venda de algum produto”.

            Em Curitiba, foi encontrada uma casa num condomínio de classe alta que tinha na sua decoração objetos que faziam alusão ao Egito. A casa era de propriedade do dono da Editora Paranaense, e nela tinham vários painéis em alto relevo, além de encavos, mosaicos e vitrais feitos por vários artistas. 
            Também no Rio Grande do Sul, na cidade de Pelotas podemos ver a influência do Egito Antigo em casas, nome de lojas e monumentos.

Um comentário:

Unknown disse...

VOCÊS TEM ALGO MAIS CONSISTENTE SOBRE O ASSUNTO, TIPO UMA PESQUISA MAIS APROFUNDADA SOBRE A INFLUÊNCIA DA CULTURA E FILOSOFIA EGÍPCIA SOBRE OS POVOS QUE FORAM TRAZIDOS AO BRASIL COMO ESCRAVOS?..